Por Dra. Jenifer Baccaro Matos, médica clínica geral e intensivista
No Brasil, as doenças cardiovasculares, como infarto e AVC, seguem entre as principais causas de morte. Dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia mostram que, anualmente, mais de 90 mil brasileiros são internados por infarto. Em 2021, a taxa de mortalidade por doenças cardíacas foi de 67,1 mortes para cada 100 mil habitantes, com o Sistema Único de Saúde (SUS) desembolsando mais de 1 bilhão de reais em tratamentos.
Quem Está em Maior Risco?
Embora a prevalência de doenças cardiovasculares aumente com a idade, há diferenças de risco entre homens e mulheres. Até os 44 anos, as mulheres são mais afetadas; a partir dessa idade, os homens apresentam taxas de mortalidade mais altas, especialmente entre os 50 e os 69 anos.
Fatores de Risco Menos Conhecidos
Muitos já sabem que hipertensão, diabetes, tabagismo e histórico familiar aumentam o risco de doenças cardiovasculares. No entanto, existem fatores de risco adicionais que passam despercebidos no cotidiano. Confira alguns:
Estresse Crônico: Eleva a pressão arterial e afeta hormônios, levando a um aumento do apetite e ao consumo de alimentos pouco saudáveis.
Apneia do Sono: Essa condição afeta a oxigenação do sangue e aumenta a pressão arterial, elevando o risco de doenças cardíacas.
Desidratação Crônica: A falta de hidratação adequada torna o sangue mais viscoso, o que aumenta o risco de trombose.
Hormônios em Baixa: Em mulheres na pós-menopausa e homens idosos, a queda de estrogênio e testosterona impacta a regulação do colesterol e a saúde vascular.
Excesso de Cafeína: Consumida em excesso, a cafeína aumenta a pressão arterial e o risco de arritmias.
Doenças Autoimunes e Inflamatórias: Condições como lúpus e artrite reumatoide intensificam a inflamação, aumentando o risco de formação de placas de gordura nas artérias.
Infecções Crônicas: Pacientes com HIV, por exemplo, enfrentam inflamação sistêmica contínua, o que prejudica ainda mais o sistema cardiovascular.
Prevenção: Pequenas Mudanças Podem Fazer a Diferença
A Dra. Jenifer Baccaro Matos recomenda que todos os adultos realizem uma avaliação anual, incluindo hábitos alimentares, nível de atividade física e ingestão de álcool. Para reduzir o risco cardiovascular, é fundamental manter uma dieta equilibrada, praticar atividades físicas regularmente e evitar o consumo excessivo de álcool e alimentos processados.
A mensagem final é clara: a prevenção das doenças cardíacas depende tanto da atenção aos fatores de risco tradicionais quanto àqueles hábitos e condições aparentemente inofensivos.