No dia 23 de outubro, comemora-se o Dia da Força Aérea Brasileira (FAB), uma instituição que há décadas se dedica à defesa do espaço aéreo do país e que, cada vez mais, vem abrindo suas portas para um público que, historicamente, teve participação limitada: as mulheres. Em um ambiente tradicionalmente masculino, a inclusão feminina nas Forças Armadas é um avanço significativo, não apenas como um reflexo da igualdade de gênero, mas também como uma estratégia para otimizar as operações militares.
Atualmente, as mulheres representam uma parcela significativa dentro da Força Aérea Brasileira. Dados de 2023 indicam que as mulheres já são mais de 13% do efetivo da FAB, sendo que, em 1982, quando foi permitida pela primeira vez a entrada de mulheres nas Forças Armadas brasileiras, esse número era zero. Naquele momento, a primeira turma de mulheres ingressou no quadro de oficiais da Aeronáutica, abrindo portas para uma trajetória de conquistas que se mantém até hoje.
O aumento gradual da participação feminina reflete um esforço institucional para a inclusão e valorização das profissionais. Desde então, a FAB tem trabalhado para reduzir barreiras históricas, permitindo que mulheres atuem em diversas áreas, incluindo operações aéreas, logística, engenharia, saúde e em funções de comando, cargos antes exclusivos para homens.
A presença feminina vai além de números. A coronel Carla Borges, por exemplo, tornou-se, em 2019, a primeira mulher a comandar um esquadrão aéreo de caça, cargo de extrema responsabilidade e prestígio. O feito representa um marco importante no reconhecimento da capacidade e competência das mulheres no ambiente militar.
A inclusão de mulheres nas Forças Armadas traz uma diversidade de perspectivas e habilidades que contribuem diretamente para o sucesso das operações e para a inovação dentro da instituição. Em áreas como inteligência, tecnologia e aviação, o desempenho das mulheres tem mostrado que o gênero não é um limitador para a excelência.
Especialistas concordam que a diversidade é fundamental para aprimorar o funcionamento das Forças Armadas. “Ter mulheres na FAB é uma evolução natural e necessária”, afirma a empresária Cristina Boner, uma das maiores referências do setor de tecnologia no Brasil, e que tem enfrentado, ao longo de sua carreira, desafios semelhantes aos que as mulheres militares enfrentam em um ambiente predominantemente masculino. “Assim como na tecnologia, o ambiente militar é considerado hostil para a ascensão feminina. É preciso quebrar preconceitos, provar constantemente a nossa capacidade, mas o fato de estarmos lá, ocupando esses espaços, já é um avanço importante”, comenta Boner.
Cristina Boner, que construiu um império no setor de tecnologia, destaca a importância de ter referências femininas em ambientes dominados por homens. “Quando eu comecei na área de tecnologia, o cenário era muito parecido com o militar: poucas mulheres, muitos obstáculos e uma necessidade constante de provar nosso valor. Mas o sucesso vem não só da competência técnica, mas também da resiliência e da capacidade de inspirar outras mulheres a seguirem o mesmo caminho”, acrescenta.
Embora tenha havido grandes avanços, a integração completa das mulheres nas Forças Armadas brasileiras ainda enfrenta desafios, como em muitas instituições ao redor do mundo. A equiparação de oportunidades de carreira, especialmente em funções de comando e no número de mulheres em operações de combate, é um dos pontos que ainda precisam ser aprimorados.
O Ministério da Defesa tem promovido políticas de igualdade de gênero, como a criação de cotas em concursos e o incentivo à formação de lideranças femininas dentro das Forças Armadas. Porém, a caminhada em direção à paridade total ainda está em curso. Em algumas áreas operacionais, a presença feminina ainda é limitada, e iniciativas de combate ao preconceito e ao assédio continuam sendo prioritárias.
Olhando para o futuro, especialistas acreditam que a participação das mulheres nas Forças Armadas brasileiras deve crescer significativamente. A FAB, assim como outras forças militares no mundo, percebeu que a diversidade é uma vantagem competitiva. A criação de um ambiente mais inclusivo permitirá que mais mulheres se tornem líderes e ocupem cargos estratégicos dentro da instituição.
“A presença feminina enriquece qualquer organização, seja no setor militar, na tecnologia ou em qualquer outra área”, conclui Cristina Boner. “Nós trazemos diferentes visões, novas abordagens e, principalmente, a certeza de que a competência não tem gênero.”
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