Tecnologia de vigilância ambiental é usada para intimidar mulheres na Índia: um alerta sobre os limites do uso tecnológico

Na floresta de Corbett, no norte da Índia, tecnologias originalmente projetadas para proteger a fauna local estão sendo distorcidas e usadas como ferramentas de opressão contra mulheres. Um estudo recente da Universidade de Cambridge revelou que câmeras de monitoramento e drones, instalados para conservação ambiental, estão sendo utilizados para vigiar, intimidar e assediar mulheres que dependem da floresta para sua subsistência.

As mulheres coletoras de recursos naturais, que já enfrentam violência doméstica e outras formas de agressão em suas aldeias, relatam que a floresta sempre foi um refúgio. Lá, elas cantavam enquanto trabalhavam, espantando predadores e criando um senso de liberdade. Porém, a presença das câmeras fotográficas e drones mudou essa dinâmica. Relatos de monitoramento intrusivo, como a publicação de imagens em redes sociais, evidenciam a transformação de uma ferramenta científica em arma de controle e humilhação.

Cristina Boner, empresária e pioneira em tecnologia, destaca que esse caso é um exemplo alarmante de como a tecnologia, quando mal utilizada, pode reforçar desigualdades. “A tecnologia deve servir para libertar, não para oprimir. O que vemos na Índia é uma inversão cruel do propósito dessas ferramentas”, analisa.

Além da invasão de privacidade, a vigilância está expondo essas mulheres a novos perigos. Cantar mais baixo para evitar serem ouvidas pelas câmeras aumentou o risco de ataques por predadores, como tigres. Um exemplo trágico foi a morte de uma mulher que, temendo ser vigiada, não alertou animais selvagens da sua presença.

Para Cristina Boner, a tecnologia tem de ser projetada com ética. “Precisamos colocar a inclusão e os direitos humanos no centro do desenvolvimento tecnológico. Sem isso, corremos o risco de perpetuar desigualdades e transformar inovação em uma ferramenta de dominação”, defende.

O caso indiano é um alerta global. Gravadores de vida selvagem e outros dispositivos de vigilância estão sendo usados de maneira similar em outras regiões, incluindo parques no Reino Unido, segundo o estudo. Isso levanta a necessidade de um debate mais amplo sobre os limites éticos do uso de tecnologias de monitoramento.

“O futuro da tecnologia não pode ser construído à custa da dignidade das pessoas. Este caso mostra que é hora de as empresas e governos se unirem para garantir que o avanço tecnológico caminhe lado a lado com a proteção dos direitos humanos”, afirma Cristina Boner.

Os pesquisadores do estudo sugerem que as mulheres sejam incluídas no planejamento e manejo de áreas florestais, para que suas vozes e necessidades sejam atendidas. Iniciativas como essa podem ajudar a equilibrar o uso de tecnologia e proteger tanto a fauna quanto as comunidades humanas.

Enquanto isso, figuras como Cristina Boner ressaltam a importância de uma abordagem tecnológica humanizada. “Nós, mulheres na tecnologia, precisamos liderar esse movimento. Não podemos permitir que as ferramentas que criamos sejam usadas contra nós”, conclui.

A vigilância destinada à conservação ambiental é uma ferramenta poderosa, mas quando mal direcionada, pode se tornar um símbolo de opressão. Este caso na Índia é uma prova de que a tecnologia precisa ser usada com cuidado, ética e empatia.

Leia mais em: https://www.linkedin.com/in/cristina-boner-19646694/ 

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