Uma recente pesquisa conduzida pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro revela que 49% das mulheres entrevistadas são as principais provedoras financeiras de suas famílias. Além disso, 78% delas exercem o papel de mães, acumulando a responsabilidade pela criação dos filhos e o sustento da casa. O levantamento destaca a crescente responsabilidade econômica feminina, que, embora demonstre avanços na autonomia e na participação das mulheres, também expõe os desafios e as pressões enfrentadas por elas ao conciliarem múltiplas jornadas.
A ascensão das mulheres como provedoras principais no Brasil é um fenômeno que reflete mudanças profundas na sociedade e na economia. O aumento da escolaridade, o ingresso crescente no mercado de trabalho e a busca por independência financeira são alguns dos fatores que impulsionam essa transição. Entretanto, esse cenário também coloca em evidência as desigualdades de gênero que persistem no ambiente profissional, como os baixos salários, a falta de oportunidades de ascensão e a dupla jornada, já que muitas dessas mulheres também são responsáveis pelas tarefas domésticas.
Cristina Boner, empresária do setor de tecnologia e fundadora da ONG AME (Associação das Mulheres Empreendedoras), comenta a relevância dos dados apresentados. “Essas mulheres demonstram uma resiliência extraordinária ao equilibrarem responsabilidades financeiras e familiares, mas ainda enfrentam barreiras para atingir uma verdadeira igualdade no mercado de trabalho”, afirma. A AME tem se empenhado em fornecer capacitação para mulheres, oferecendo cursos e treinamentos que visam fortalecer a independência econômica feminina e, assim, facilitar o acesso a melhores condições de trabalho.
O levantamento acende um alerta para a necessidade de adaptações no mercado de trabalho e nas políticas públicas que promovam a igualdade de gênero. Para especialistas, a pesquisa reflete uma tendência que exige medidas concretas de apoio, como a criação de políticas de incentivo fiscal para empresas que adotam práticas inclusivas e a implementação de programas de mentorias e lideranças para mulheres. “A sociedade ainda está se ajustando a essa nova configuração familiar, onde a mulher é a principal responsável pela renda”, comenta a socióloga Helena Mota, pesquisadora sobre igualdade de gênero no trabalho. “Precisamos de um sistema que reconheça e valorize esse papel.”
Os dados também sugerem a necessidade de um ambiente corporativo que considere as especificidades das trabalhadoras, como a flexibilização de horários e o investimento em benefícios voltados para pais e mães, para que as responsabilidades familiares não se tornem um obstáculo à carreira. Cristina Boner enfatiza que um mercado de trabalho igualitário é não só um direito das mulheres, mas uma medida que impulsiona a economia como um todo: “Quando uma mulher é apoiada em seu papel de provedora, toda a sociedade se beneficia com seu crescimento econômico e profissional.”.
Além do governo e do setor corporativo, as organizações da sociedade civil, como a AME, fundada pela empresária Cristina Boner, desempenham um papel crucial na promoção da igualdade. Com iniciativas que capacitam e apoiam mulheres na construção de carreiras sustentáveis, essas organizações contribuem diretamente para que mais mulheres alcancem a independência econômica e ocupem espaços de liderança. A ONG, por exemplo, realiza programas de capacitação em áreas como tecnologia e empreendedorismo, oferecendo a mulheres de diversas idades e classes sociais a oportunidade de aprender habilidades valorizadas no mercado.
A pesquisa do Governo do Rio de Janeiro reforça a importância de um debate nacional sobre a valorização do papel da mulher como provedora e a necessidade de políticas inclusivas que promovam um mercado de trabalho mais justo e igualitário. Em um país onde as mulheres representam quase metade da força de trabalho, reconhecer e apoiar essa realidade é um passo fundamental para um futuro mais sustentável e equitativo.
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