Anuncie na revista impressa

Brigas em torno da guerra na Palestina causam mal estar no mundo e demora em resolução

Por Fernando Gomes em 18/12/2023 às 12:44:21

Desde o ataque do Hamas a Israel em outubro deste ano, o clima entre simpatizantes dos dois países envolvidos no conflito vem passando por um período de crescente. Os ataques por parte de Israel contra os palestinos fez com que muitos passassem a olhar o país de Netanyahu como um Estado terrorista, enquanto a população árabe seria a vítima da situação. Por outro lado, há quem veja a Palestina como facilitadora dos atos terroristas que causaram as mortes do dia 07 daquele mês, servindo como uma "continuação" desse grupo, sendo complacente com as mortes.

Outro ponto de cisão entre esses grupos é a forma como cada um vê a posição do outro. Quem é a favor do fim da guerra de forma imediata, vê os apoiadores das ações de Israel como apoiadores de um genocídio, da matança deliberada de pessoas inocentes e do terrorismo estatal. Do lado oposto, as pessoas enxergam os favoráveis à Palestina como favoráveis ao terrorismo do Hamas, da matança de judeus e, de forma mais específica, antissemitas, relembrando o Holocausto da Segunda Guerra Mundial.

De forma mais crítica, é possível dizer que as discussões avançaram ao ponto de cada ponto se odiar. Fazendo uma analogia mais próxima do Brasil, as duras críticas de cada lado se assemelham a uma discussão sem fim entre torcidas organizadas rivais. A animosidade entre eles é muito alta, fazendo com que a possibilidade de um diálogo seja ínfima, trazendo ainda mais um clima bélico entre os lados e seus defensores.

Nesse ritmo, protestos para ambos foram vistos em diversos lugares pelo mundo e em todas as esferas da sociedade. Com as mais variadas classes sociais prestando solidariedade a alguém, foram vistos, pelo mundo inteiro, muitos estudantes se solidarizando com o lado palestino.

Devido a isso, o posicionamento por parte das reitorias foi pedido pelos grupos que as mantêm, devido à sua ligação com Israel, por muitos serem judeus ou com laços fortes. Em resposta a esses pedidos, as reitoras de Harvard e da Universidade da Pensilvânia geraram confusão no mundo universitário ao dizerem que "dependeria do contexto" a questão levantada por uma deputada americana. Diversas críticas foram tecidas a elas e, após muita discussão, ao menos a reitora de Harvard foi confirmada em sua posição, pela dúvida de sua permanência no cargo.

Entretanto, o debate continua, e muito acalorado. Pelo lado de quem não sabe os devidos limites da discussão, foi possível notar ataques com lembranças às atrocidades vividas pelos judeus entre 1939 e 1945, causando muita dor por parte dos familiares de quem sofreu tanto com isso. Para o Dr. Nilton Serson, advogado e fundador do movimento sionista no Brasil, essa questão dói de forma mais forte, por ter de explicar o quão anormal é realizar a defesa desse "Show de horrores, em vista das inúmeras publicações nazistas e negacionistas do nazismo, e que um dos maiores assassinos do mundo, Hitler, estava errado de nos matar industrialmente".

Em sua defesa, Nilton também lembra da história do povo judeu, que sofreu com mentiras e desconfiança durante muito tempo. Para ele, "A realidade é que não somos melhores ou piores que ninguém, apenas um povo peculiar que se mantém uniforme há 3500 anos, como uma teimosia histórica, mesmo sendo constantemente hostilizado".

Assim sendo, não há a necessidade de ataque a qualquer um dos lados, visto que as pessoas em si não possuem qualquer tipo de culpa, enquanto os responsáveis continuam com suas atrocidades. O discurso de ódio permanece ativo em ambas as comunidades, o que causa ainda mais dificuldade na resolução do conflito.


Leia mais em: Educação – Nilton Serson

Comunicar erro

Comentários