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Com ele é "Tiro, porrada e bomba!": O padre do Instagram que afirma não ser obrigado a passar uma boa impressão a ninguém

Rodrigo Rodrigues, padre da Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, no Alphaville, SP, compartilha desinformação em suas redes sociais e propaga suas teorias negacionistas a respeito da Covid-19

Por f.p em 02/03/2023 às 16:12:34

Foi da suntuosa Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, cuja arquitetura impressiona e é assinada por um dos arquitetos mais renomados em arquitetura sacra pelo mundo, localizada no Alphaville, bairro luxuoso de Barueri, conhecido por ser o bairro onde moram as celebridades e também as pessoas mais ricas da nossa São Paulo, de onde o padre Rodrigo Rodrigues, ganhou o "palanque" que precisava para propagar suas ideias extremistas, bem ao contrário daquilo que esperamos comumente de um sacerdote ordenado pela Igreja Católica (só que não!).


O padre, até o momento da publicação deste artigo, ostenta em seu perfil do Instagram a frase, na bio: "Eu não tenho medo, eu nasci pra isso!", frase proferida por Joana d'Arc. Sim... aquela mesma Joana d'Arc que a sua Santa Igreja queimou viva no meio da praça por heresia, e que agora chamam de Santa, após perceberem a besteira que haviam feito, e a considerarem mártir.

Em postagens bastante frequentes em suas redes sociais, o padre frequentemente assume-se "conservador, de direita e à favor da família". Qualquer semelhança com uma figura política, NÃO é mera coincidência! O padre, assumidamente bolsonarista, aproveita-se de sua posição eclesiástica, notadamente e reconhecidamente inquisidora há séculos, para expôr seus pensamentos truculentos, em total divergência àquilo que o próprio Jesus pregara enquanto vivo. Aliás, ressalte-se, comportamento não muito incomum entre os membros da Igreja.

Aliás, prefiro nem entrar muito na questão de toda a dor e sofrimento já causados pela Igreja Católica, ao longo de séculos e séculos, contra aqueles que simplesmente "ousam" pensar diferente deles... isso fica sendo tema pra outra hora.


"Por essa o motoqueiro fantasma não esperava. Pense num coro bem dado. Quem manda roubar a Santa Igreja? Foi tiro, porrada e bomba".

Esta foi a descrição usada pelo padre Rodrigo Rodrigues num vídeo em que publicou um assaltante sendo espancado dentro de uma igreja onde tentava realizar um assalto.

Frise-se, por favor, que minha intenção não é defender o bandido, que deve ser punido nos rigores da lei! Mas daí a espancá-lo à quase morte, ao meu ver, é algo totalmente contrário à paz que a Igreja tanto prega. Principalmente dado o uso claramente excessivo da força empregada, já que, como de fácil constatação, os homens que o espancaram seriam mais que suficientes para contê-lo até a chegada da polícia, que daria a ele o tratamento necessário, dentro do que manda a lei! Assista ao vídeo:


Em outra postagem, o padre refere-se ao Coronavírus - que assolou o mundo e causou centenas de milhares de mortes - como "corongavírus", numa clara tentativa de banalizar, ridicularizar este vírus que trouxe tanto sofrimento à toda a sociedade. O padre, através desta postagem, quis dar a entender que os veículos de mídia simplesmente deixaram de noticiar as infecções por covid propositalmente, após a saída de Jair Bolsonaro, seu político de estimação, do poder. Num recorte feito do Jornal da Record, onde a âncora diz que pessoas foram infectadas por viroses durante o carnaval, o padre, negacionista, chama ainda aqueles que dão a devida importância ao caso de "requenguelas" e aproveita para, de maneira totalmente aleatória, destilar ainda mais ódio, iniciando a publicação com a frase "Mermão, Primeiramente, "todes" não existe", assim, do nada, somente para atacar mais uma vez a população LGBTQIA+ por conta da utilização do gênero neutro.


Saudades eu tenho de quando ia à igreja com minha avó ou minha tia Ana, assistir à missa de domingo. Era uma missa, não um comício de extrema-direita. Saudade de quando os padres se preocupavam com o bem-estar de todos, todas e TODES, ao invés de se preocupar em angariar votos dos fiéis durante a missa. Perdoem-me a nostalgia, e que voltemos aos fatos:

Entre tantas outras postagens absurdas, de cunho político e desprezíveis aos olhos das pessoas verdadeiramente de bem, um fato chamou bastante atenção deste jornalista que vos escreve. Sempre que se refere a Bolsonaro, em suas redes sociais, quando não pelo nome, dirige-se a ele como 'herói', ou 'meu presidente'. Já ao falar de Luiz Inácio Lula da Silva (Lula), atual presidente do nosso país, DEMOCRATICAMENTE ELEITO, doa a quem doer, o padre usa os termos 'o nove dedos' ou então 'o nine', também em alusão à característica física do presidente eleito, que não possui um dos dedos mindinhos.

Ora, a história que conheço de Cristo, e me corrijam se eu estiver errado, é que ele era um dos poucos que acolhia os leprosos, os deficientes físicos e intelectuais, as pessoas com má-formação física que eram duramente atacadas pelos demais. E o padre, que deveria dar esse exemplo - aliás, esqueci que ele mesmo disse que não se importa em dar boa impressão a ninguém, afinal não é impressora -, mas este faz exatamente o contrário, debochando da deficiência física das pessoas, independentemente de quem seja. E mesmo não concordando com sua ideologia política, o senhor não deveria "amar o próximo como a ti mesmo"?

Imaginem o Lula querendo assistir a uma missa na Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, não é mesmo? Capaz que tivesse o mesmo fim da coitada da Joana d'Arc.

Por fim, só uma conclusão consigo tirar disso tudo:

Se esse tipo de gente, como este padre, é o 'cidadão de bem' que eles tanto dizem... Deus que me livre do cidadão de bem! Esperam tanto a volta de Jesus à este mundo, mas não sei não, viu... Acho que Jesus tem é medo de voltar e ser recebido à tiros por essa gente maluca que diz ser o 'cidadão de bem'.


Procurada por este colunista, por mera liberalidade, buscando saber como a Instituição enxerga o padre 'influencer', a Diocese de Osasco, responsável pela Paróquia Nossa Senhora de Lourdes respondeu, em nota, que "Na igreja, assim como na sociedade, na mídia ou nas famílias há opiniões diversas. Na mídia pessoal, cada um é responsável pelo que diz. Recomendamos que o sr. procure o padre para um diálogo.".


Já o padre Rodrigo Rodrigues não foi procurado por este que vos escreve, por se tratar de um artigo opinativo de caráter não-jornalístico, portanto, desnecessário o contraditório, por exarar exclusivamente a minha opinião acerca desses fatos. De todo modo, como bom cristão que sou, aberto a diálogo, fica o convite ao padre para se manifestar nesta coluna da forma como julgar mais conveniente.

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